O LECUCA é estudo observacional transversal repetido em séries históricas. Paralelamente ao levantamento epidemiológico por amostragem, um censo para a contagem populacional é realizado para estimar a dimensão da cena de uso estudada.
O caráter transitório e a constante flutuação de frequentadores de cenas de uso impossibilitam a utilização das metodologias tradicionais de amostragem, trazendo um desafio para a obtenção de amostras de pesquisa que sejam de fato representativas da população total de frequentadores deste local. A utilização de técnicas de amostragem alternativas como a TLS (Tempo-Localização) permite a obtenção de amostras representativas das populações que frequentam as cenas de uso, uma vez que levam em consideração as variações da população no tempo e no espaço.
Devido a constante movimentação geográfica característica de cenas de uso aberto de drogas, os perímetros considerados parte da cena de uso estudada são determinados a cada edição através do seguinte critério: “presença de pelo menos 15 usuários parados (na rua ou calçada) por pelo menos 3 dias consecutivos”.
O método pressupõe a varredura dos perímetros determinados em dias e horários randomizados. O entrevistador percorre o perímetro convidando todos os indivíduos presentes, exceto aqueles que preenchem algum dos seguintes critérios de exclusão:
1) Indivíduos usando crack no momento da abordagem;
2) Usuários em pico de efeito do crack;
3) Usuários apresentando comportamentos agressivos ou agitados ou
4) Indivíduos desacordados.
As entrevistas do LECUCA baseiam-se no questionário fechado de múltipla baseado no questionário padrão para a avaliação do perfil de pacientes em tratamento para dependência química ou em acolhimento social utilizado em pesquisas anteriores da UNIAD[1].
Embora tenha sido amplamente aplicado e validado, o questionário foi adaptado para a aplicação na população de frequentadores de cenas de uso – possivelmente sob o efeito de substâncias psicoativas.
Devido a possibilidade de intoxicação, não é possível a utilização de escalas para o rastreamento de transtornos psiquiátricos. O questionário também passa por adaptações a cada edição do estudo para incorporar temas e demandas emergentes no momento da coleta ou de acordo com o território estudado.
[1] www.uniad.org.br
Domínios | 2016 | 2017/1 | 2017/2 | 2019 | 2021 | |
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1 | Características sociodemográficas | X | X | X | X | X |
2 | Indicadores para a reinserção social | X | ||||
3 | Indicadores de vulnerabilidade social | X | X | X | X | X |
4 | Rede de suporte social | X | X | X | X | |
5 | Histórico e padrão de uso de substâncias | X | X | |||
6 | Indicadores de consumo de alto risco | X | X | X | X | X |
7 | Indicadores de saúde geral | X | X | X | X | |
8 | Indicadores de saúde da mulher | X | X | X | X | |
9 | Indicadores de transtornos psiquiátricos | X | X | X | X | |
10 | Comportamentos e exposição a riscos | X | X | X | X | X |
11 | Histórico de tratamentos para dependência | X | X | X | X | X |
12 | Uso da rede de saúde e socioassistencial | X | X | X | X | X |
13 | Mobilidade e movimentação da cena de uso | X | X | X | ||
14 | Motivação para cessar o uso | X | X | X | X | X |
15 | Disponibilidade da droga | X | X | |||
17 | Indicadores da pandemia e vacinação | X |
Exemplo: Perímetros da Cena de Uso da Luz – São Paulo – 2021